Let Nike be Nike again. #sqn

Semana passada, o convite de um evento da Nike para apresentação de novidades em 2025, alvoroçou a comunidade do running no Brasil. E qual poderia ser a notícia a ser divulgada por uma das maiores marcas de tênis de corrida no mundo? No fundo, eu esperava q não fosse a de um novo produto. Mas, por quê?

Em 2020, a decisão de vender apenas diretamente e via on-line afastou corredores que preferiam um diálogo mais próximo. Para se reinventar, no fim de 2024, a marca adotou o lema “let Nike be Nike again”, cunhada pelo novo CEO da empresa, Elliott Hill, que enfatizou a importância de deixar a Nike ser Nike novamente para se reencontrar com seu consumidor. O evento no Ibirapuera, no início de março, aconteceu nesse contexto, de retorno às raízes: a volta ao foco no esporte e na construção da marca, como também foi demonstrado no recente anúncio do Super Bowl, deixando claro objetivo de reconectar a Nike com sua essência e seu público principal.

O início do evento no imponente foyer do auditório Oscar Nyemeyer, no Ibirapuera, deixou muita gente sonhar. A apresentação começou com uma menção clara e direta à prova realizada em SP no ano passado, a Nike Run SP, depois de anos de ausência da marca no calendário nacional. No melhor estilo Nike de ser, com imagens impactantes, música poderosa e mensagem inspiradora, estava tudo fazendo muito sentido!

Afinal, a popularidade das corridas de rua tem levado ao aumento do número de corredores e clubes de corrida. Provas com inscrições esgotadas em poucos minutos, número recorde de participantes e o crescente número de provas no calendário de eventos do país são só alguns exemplos.

A força que esses eventos tem de conectar marcas com o consumidor é inegável e a maior parte das marcas parece ter entendido esse recado. Mas, por ironia, a marca que justamente tem a maior reputação e história de sucesso na organização de provas no Brasil  e um DNA fortemente relacionado a eventos esportivos, informou não ter interesse em retomar esse legado. Pelo menos, não por enquanto.

Parece que a força da reputação da Nike no segmento de eventos de corrida de rua no Brasil, construída com a organização de corridas lendárias como a Nike+ Human Race, o Desafio dos 600K e a Nike Victory Tour, há exatos 20 anos, ou mesmo o recente sucesso da Nike Run São Paulo, no ano passado, não pode contribuir para a nova estratégia da marca no mundo, que pede “Let Nike be Nike again”. E pra mim, isso não faz sentido.

O Brasil possui uma cultura esportiva vibrante e a corrida de rua é uma atividade popular. Ter um histórico de apoio e envolvimento nesse cenário há 20 anos demonstra um compromisso de longo prazo com o esporte e com a cultura local. Isso poderia fortalecer a relevância da marca Nike para os consumidores brasileiros, alinhando-se com o objetivo de Hill de que "o esporte se torne o coração do negócio novamente".

Mas apesar de parecer o próximo passo mais óbvio para a estratégia da Nike, a empresa não pensa em aproveitar a nostalgia e a confiança já estabelecidas no passado para ajudar a marca a se reconectar com seu público. Pelo menos, não no curto prazo. E mesmo soando ser uma decisão super alinhada à visão do CEO Elliott Hill de "deixar a Nike ser Nike novamente”, por hora a volta aos eventos de corrida não está no radar da empresa. Mas, seguiremos insistindo nesse assunto sempre que tivermos oportunidade. Afinal, como a própria Nike costuma dizer, “desistir não é uma opção”.

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E no link a seguir, rápida entrevista com Aline Cupido, gerente da marca.