Calma, corredor!
- Renata Monte Alegre
- 27 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de jul.

A corrida de rua está mudando de fase, mas muita gente ainda está presa no tutorial. Bora entender melhor o q pode estar vindo por aí?
A enxurrada de dúvidas sobre as mudanças na Maratona do Rio é legítima. Quando o assunto é corrida de rua no Brasil, qualquer alteração tem potencial pra virar meme, polêmica e gerar ainda mais dúvidas. Mas dessa vez, o que temos é um movimento perigoso, pois parece que a maioria só leu a manchete ou parou nos comentários do Instagram. E por isso está correndo o enorme risco de não entender exatamente o que está acontecendo.
Sim, o tal sorteio + índice mexeu com o coração do povo. Especialmente porque a palavra “índice” soa como uma porta fechada. E quando aparece logo depois de um evento como o Desafio da Ponte, que exigiu comprovação de tempo pra liberar o acesso à pista de prova, aí a cabeça do corredor buga de vez. Mas vamos com calma!
O Desafio da Ponte exige índice porque a ponte precisa fechar para a corrida literalmente. É questão de segurança, tempo de interdição viária e logística de cidade. Ali, quem não tem o tempo mínimo pra cruzar a ponte, não pode correr. Fim de papo.
Mas a Maratona do Rio é outro bicho. Estamos falando de um festival com mais de 60 mil atletas em quatro dias, não de uma prova comprimida em poucas horas de janela. A lógica aqui não é excluir, é organizar. E quando a gente fala de sorteio e índice, não é pra separar os bons dos ruins. É pra dar vazão ao volume, e fazer isso da forma mais justa possível.
A Maratona do Rio cresceu. Cresceu tanto que já quer brincar como gente grande. Quem corre Nova York, Chicago, Berlim sabe: ninguém se inscreve direto. Tem sorteio. Tem tempo de corte. Tem sistema misto. Por quê? Porque tem 400 mil querendo uma vaga. Soa familiar?
Pois bem. A organização está sinalizando que pode vir a adotar esse tipo de modelo híbrido: parte das vagas por sorteio (democrático, aberto, aleatório) e parte por índice (pra quem tem pressa e performance). Isso é copiar o que funciona. E não tem nada de errado nisso.
Se vai ser igual às Majors? Não sabemos ainda. Os critérios exatos, a distribuição por gênero, faixa etária, distância e ritmo ainda estão no forno. Mas não custa lembrar: índice não é um obstáculo, mas uma alternativa. Se o correr não tiver tempo, entra no sorteio. Se tiver, entra direto. Quem corre rápido, corta caminho. Quem é mais lento, aposta no destino.
E isso, se bem implementado, pode inclusive melhorar a experiência de todo mundo. Largadas menos lotadas. Menos pipocas. Menos empurra-empurra na Marina. Mais espaço no funil de chegada. Kits entregues sem horas na fila e medalha garantida no final.
Por isso, o momento agora não é de desespero, mas de leitura crítica. É de parar de repetir “vai virar elitista” sem entender o que de fato está em jogo. É hora de se informar, comparar com quem já faz isso bem lá fora e, principalmente, cobrar da organização clareza e critério na hora de implementar.
Porque crescer é bom, mas crescer direito é melhor ainda. E pra isso, a gente precisa de corredor que pense, não só que corra. Portanto, fica ligado. Mais do que corrida, o que vem por aí exige leitura. #jornalcorrida #maratonadorio #desafiodaponte2025 #corridaderua