É só as temperaturas começarem a cair que a frequência aos treinos segue o mesmo padrão. Muitas vezes, numa proporção até pior – despencam! Um dia frio aqui, o outro teve aquele imprevisto no trabalho, no outro esfria um pouquinho de novo, e pronto! Quando vemos a semana já foi, nenhum trotinho feito. Longão, menos ainda. Rapidamente acumulamos desculpas e quando vemos, passou o inverno e as planilhas foram atropeladas pelo comboio da preguiça com a frente fria.
Parques ficam mais vazios. Nas ruas um ou outro corredor mais corajoso se atreve a enfrentar os sub 10 graus. Como ursos polares, muitos atletas amadores se escondem por meses. Até nas academias as disputas pelas esteiras são menores. É justamente nesta época do ano que vemos metas e objetivos irem para o fundo da gaveta. Aqueles 10 Km sub 1 hora, os 21 Km tão sonhados ou a primeira maratona acabam ficando para um outro momento. O conforto das pantufas aquecendo os pés é mais sedutor do que o tênis de corrida.
Muitas vezes nem nos damos conta, mas é no inverno, em meio ao sobe e desce dos termômetros que nosso foco e motivação se perdem. O frio, mais do que uma desculpa, é um dos vilões da manutenção dos treinamentos e da rotina de atividades físicas. Não bastasse, ele sempre vem acompanhado de companhias apetitosas. É neste período que abrimos mão do cardápio do dia a dia. Chocolates, massas, vinhos, foundues, cremes passam a ocupar mais espaço na mesa do que verduras, frutas e legumes. Afinal, comer salada no frio é coisa para os fortes.
Mesmo nas provas, é comum durante o meses mais frios o número de inscritos sofrerem uma queda. Típico também em alguns eventos e regiões do Brasil é termos o volume de inscritos bem superior ao de concluintes das provas. Muitos se inscrevem, retiram os kits, mas nem aparecem na largada. Com tudo isso, meses de treino, peso ideal, pace, condicionamento e até ganho de massa muscular são perdidos ao longo de junho, julho e agosto. São 40, 60, 90 dias de pouco atividade, motivação zero, saúde e performance indo ladeira abaixo. Como vencer as baixas temperaturas e manter o ritmo ao longo de 12 meses?
Ouvimos corredores e treinadores e separamos algumas dicas que irão ajudar você a vencer o calor das cobertas e manter-se ativo o ano todo.
1. Programe sua prova principal do ano para o segundo semestre. Principalmente para os iniciantes e para aqueles que têm mais dificuldades em encarar as baixas temperaturas. No início do ano, quando fizer seu planejamento de treinos e provas, escolha sua prova principal após agosto. O compromisso ajuda a não se deixar cair nas tentações do inverno.
2. Arrume um “coelho”. Compartilhe de sua dificuldade em treinar nos dias frios com seus amigos de corrida. Agende treinos com eles pelo menos 2 vezes por semana. O comprometimento com a rotina de treinos certamente será maior.
3. Alterne horários. Se logo pela manhã está impossível sair da cama e a noite esfria demais, tente alternativas. Trinta minutos na hora do almoço, quando o sol de inverno é agradá-vel, é melhor do que nenhum minuto de treino durante toda a semana.
Não esqueça de levar uma outra camiseta e um casaco para trocar quando terminar sua corrida. É importante manter-se seco e aquecido.
4. Renda-se à esteira. Muitos corredores têm horror ao equipamento, mas ele tem suas vantagens e utilidades. Principalmente nesta época do ano. Não tenha medo, ela não irá transformá-lo num “ramster de laboratório” como muitos dizem. Pelo contrário, ajudará você a manter o condicionamento em qualquer estação do ano.
5. Use as escadas. Nem esteira e nem rua, já pensou em usar as escadarias para não perder os dias de treino? Se estiver muito frio, use e abuse das escadarias do prédio onde você mora ou do seu local de trabalho. Nenhum dos dois têm escadas? Que tal usar as de um shopping ou estação de metrô? Experimente substituir um treino ritmado de 1 hora na rua por 20 ou 30 minutos de escadarias.
6. Vista-se adequadamente. Apesar do frio, não exagere na roupa na hora de correr. É comum muitos corredores fazerem isso, sem perceber que o excesso de roupa atrapalha o rendimento. Camiseta de manga longa (tipo segunda pele), um corta-vento e proteção na cabeça (gorro ou bandana em tecido tecnológico – lã esquenta demais e acaba atrapalhando) são indispensáveis. Mais roupa do que isso prejudicará seu treino depois que o corpo já estiver aquecido. Só não esqueça de levar uma outra camiseta e um casaco para trocar quando terminar sua corrida. É importante manter-se seco e aquecido.
7. Hidrate-se como no verão. Seu corpo usará mais energia para se manter aquecido, a reposição de líquidos e sais minerais tem que ser igual a um dia quente. Muitos se esquecem disso no inverno e o corpo acaba sentindo, prejudicando o rendimento nos treinos e a recuperação.