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Investigando o vazio feminino nos 42km da Maratona do Rio 2025

As mulheres já dominam os 5K, 10K e 21K. O que ainda falta para os 42K serem delas também?



Na edição de 2025 da Maratona do Rio, as mulheres representam 52% dos 60 mil inscritos, marcando a primeira vez em que elas são maioria no evento. Era somente uma questão de tempo! Em 2024, por exemplo, as mulheres já foram a maioria nas provas de 5km (58,23%), 10km (62,19%) e 21km (52,56%) da MDR.


O dado da MDR é bom, mas não se engane! Ele revela nuances bem distintas entre o Brasil e duas das mais tradicionais provas internacionais realizadas em 2025: Boston e Londres. Em ambas lá fora, as mulheres representaram quase que a metade dos atletas na linha de largada (43% e 45%, respectivamente).


No Rio de Janeiro, elas serão apenas 29% dos corredores alinhados pros 42km (e na mesma proporção para o Desafio 21k+42k). Ou seja, mesmo com mulheres dominando as distâncias mais populares, os 42K continuam sendo território (quase) exclusivo dos homens.


Mas se as mulheres já dominam os 5K, 10K e 21K… O que ainda falta para os 42K serem delas também? A resposta não é simples e nem é única, mas pode estar numa combinação de fatores históricos, estruturais, simbólicos e culturais:


  • Fator histórico: Até os anos 1970, mulheres eram proibidas de correr maratonas. Essa exclusão ainda ecoa. O atraso na entrada também atrasou a representação e a cultura de incentivo.


  • Carga mental e tempo: A rotina de treinos para maratona exige tempo e autonomia — dois recursos ainda desigualmente distribuídos entre gêneros.


  • Fator simbólico:  A maratona ainda é vendida como desafio extremo, quase uma guerra contra o corpo. E o herói típico dessa guerra… Ainda é um homem.


  • Padrão de incentivo social: Mulheres são mais estimuladas a “serem saudáveis” do que “superarem limites”. Provas curtas têm apelo estético, coletivo e acessível. A maratona vista como mais solitária, técnica e sacrificante.


  • A cultura do endurance: Resistência ainda é vendida como virtude masculina. Dores, sacrifícios e superação são elementos ritualizados do “homem forte”. A maratona virou símbolo desse mito.


  • Falta de representatividade: Poucas mulheres correndo maratonas são menos modelos de referência, o que resulta em menor entrada feminina na categoria. Simples, assim. Quantas mulheres você conhece que correram uma maratona? Quantas marcas você viu celebrando maratonistas mulheres? Falta referência. Falta representação.


Portanto, o desafio para elas não está só no asfalto. Está no tempo livre, nos incentivos, na confiança, nos olhares. Está nos filtros invisíveis que decidem quem se inscreve — e quem desiste antes.


Resumindo, a disparidade atual – 29% contra 71% na MDR 2025 – não é fruto de incapacidade ou desinteresse das mulheres por aqui. Porém, os exemplos internacionais mostram que é possível atingir quase a igualdade de participação – e todos ganham com isso: o esporte se enriquece, as provas crescem em público e diversidade, e narrativas novas emergem.


Com a continuidade de iniciativas positivas e mudanças de mentalidade que estimulem mais visibilidade, incentivo, apoio e respeito, há motivos para acreditar que veremos cada vez mais mulheres brasileiras conquistando seu lugar nas maratonas – não como exceções, mas como parte significativa do pelotão. Afinal, a maratona não pertence a um gênero; ela pertence a quem se dispõe a percorrê-la, e as mulheres já provaram em todo o mundo que estão mais do que aptas a isso. #jornalcorrida #maratonadorio2025

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